quarta-feira, 2 de maio de 2012

O COCO – VERDE, VILÃO DO VERÃO?


O VERÃO ELEGE MUSAS E VILÕES. ÁS VEZES injustamente. Na semana passada, no Rio de Janeiro, os barraqueiros receberam uma ordem: será ilegal vender coco na areia das praias. Quase 60% do lixo recolhido nas praias são cocos-verdes – 20 mil cocos por dia. Cada um pesa em média 1 quilo.
O “Comitê Gestor da Orla” informou que o coco é o maior detrito, o maior poluidor das praias. Coitado do coco. O maior poluidor das praias é o brasileiro, um povo sem a menor educação ambiental.
Todos se indignaram com a prefeitura, que estaria violando a tradição carioca de beber água geladinha de coco à beira-mar. A tradição, tanto nas praias quanto nos parques, em todos os Estados, é espalhar imundície por onde se anda. No Rio, a mesma multidão que quer se refrescar com coco junto ao mar deixa nas areias, aos domingos, até 180 toneladas de lixo.
É tudo o que se pode imaginar. Garrafas, latas, saquinhos plásticos, palito de churrasco, fraldas descartáveis, luvas ( para passar água oxigenada nos pelos do corpo) e muito mais.
A casca do coco leva dez anos para se decompor na natureza. Os sacos e copos sw plástico, de 200 a 450 anos.
Como é árduo o trabalho dos garis para tornar invisível a sujeirada que todos – madames, celebridades, atletas, favelados, jovens e velhos – largam para trás! Quem caminha muito cedo na praia, antes da chegada dos garis, vê a areia coalhada de detritos. É vergonhoso.
A proibição da venda de cocos na areia (prestem atenção, é só na areia, porque os quiosques no calçadão poderão vender) foi destaque em colunas reportagens e sites.
Pouco se falou sobre o resto do choque de ordem praieiro. Camarão no espeto e queijo coalho na brasa não poderão ser vendidos na areia.
Botijão de gás, churrasqueira, aparelhos elétricos ou de som e recipientes de vidro estão entre os barrados da praia. Só o coco despertou protestos.
Acho inacreditável alguém se atrever a dizer que deixa lixo na praia porque não há contêineres suficientes na areia ou no calçadão. Em primeiro lugar, há. É só andar alguns metros. Um coco é pesado para levar até o calçadão¿ Dá preguiça ¿ Imaginem 20 mil cocos diariamente. Junto com os cocos, as famílias – mesmo as educadas em colégio de elite – também abandonam os canudos de plásticos. Por que, em países civilizados, os usuários levam saquinhos para as praias (especialmente as desertas, sem containeres) ¿ Para tomar conta de seu próprio lixo.
Eu gostei da medida da prefeitura. Por ter despertado um debate. Não por achar que vai mudar alguma coisa. Por si só, é uma medida inócua, que apenas reduz o trabalho braçal dos garis. Ás vezes penso numa medida mais radical. Parar de limpar por uns dois dias a praia. Só para a gente se olhar no espelho turvo. Claro que vão culpar a prefeitura: “Pô, ninguém limpa isso”¿ , Alguém uma hora vai dizer: “E quem sujou isso¿”. Fomos nós.
Sem educação ambiental no currículo das escolas desde o primeiro ano, nossas crianças repetirão os vícios dos pais. Com campanhas maciças do governo pela televisão, quem sabe nossos filhos nos repreenderão quando cometermos crimes contra o meio ambiente ¿
Não sei se nossos sujismundos são os mesmos cidadãos preocupados com o aquecimento global, com a poluição, com os bueiros entupidos que provocam enchentes. Não sei se são os mesmos cidadãos preocupados com o fim das geleiras, com o desmatamento da amazônia.
Dizem que o brasileiro adora praia. Eu acho que detesta. Ninguém trata tão mal algo que adora

Aqui em Rio das Ostras não é diferente. As pessoas sujam muito as praias, não tomando conta de SEU LIXO. Falta muita conscientização ambiental. Um dia quem sabe, reverteremos esse quadro.

Ruth de Aquino \ Maia – AMARFLOR.

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